sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Um Pito - Wilson Paim















Olha, guri, repara o que estás fazendo.
Depois que fores, é difícil de voltar.
Aceite um pito e continuas remoendo
teu sonho moço deste rancho abandonar.

Olha, guri, lá no povo é diferente
e certamente faltará o que tens aqui.
Eu só te peço, não esqueças de tua gente.
De vez em quando, manda uma carta, guri.

Se vais embora, por favor não te detenhas.
Sigas em frente e não olhes para trás.
E assim não vais ver a lágrima insistente
que molha orosto do teu velho, meu rapaz.

Se vais embora, por favor não te detenhas.
Sigas em frente e não olhes para trás.
E assim não vais ver a lágrima insistente
que molha o rosto do teu velho, meu rapaz.

Olha guri pra tua mãe, cabelos brancos
e pra esse velho que te fala sem gritar.
Pesa teus planos, eu quero que sejas franco.
Se acaso fores, pega o zaino pra enfrenar.


Olha guri, leva uns cobres de reserva,
pega uma erva pra cevar teu chimarrão
e leva um charque para ver se tu conservas
uma pontinha de amor por este chão.

Se vais embora, por favor não te detenhas.
Sigas em frente e não olhes para trás.
E assim não vais ver a lágrima insistente
que molha o rosto do teu velho, meu rapaz.

Se vais embora, por favor não te detenhas.
Sigas emfrente e não olhes para trás.
E assim não vais ver a lágrima insistente
que molha o rosto do teu velho, meu rapaz

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Karine Beatriz !

Aquela menina Que chora de raiva, dor, medo & saudades
Que ri por indignação, deboche, medo, felicidade...
Ou simplesmente por estar de
Bom ou malll humor
Que
Luta Pelo O que Quer
!
Que Não Consegue segurar lagrimas & risos
Que acha Belo o inusitado ou estranho!
Apaixonada Pelo Impossível
Que Não suporta desafios e bem por isso os Ama
Para quem a Família é o Bem maior!
E que sem eles fica sem chão
Quem Não vive sem os amigos verdadeiros...
Que Não suporta hipocrisia!
Quem Traz por trás da mente
As melhores & piores lembranças
* Onde a saudade se torna maior que tudo
Saudades Da infância interrompida...

Da Família reunida ...
Dos Momentos Perfeitos...
Dos Sonhos realizáveis & simples
Que se transformaram em dragões de 7 cabeças
Aquela que nunca Corta o cordão umbilical
Com lugares e pessoas realmente importantes
Inconstante
Eternamente Interminável !
Aquela Que Se Reinventa todos os Dias!

domingo, 13 de novembro de 2011

Meu Rumo...




MEU RUMO...
São marcar, fragmentos de amor,
Estas cicatrizes no flanco do meu peito.
O bate casco solitário do meu pingo,
Na estrada sem fim desta saudade.
Levando na garupa, peçuelos cheios,
De lembranças...
Onde o sonho, misturou-se com a realidade,
Buscando a tapera tão sonhada.
Que, dentro de mim, continua lá,
Numa toalha verde de coxilha,
Onde o sol se espeta nas flexilhas
E a primavera vem bordar matizes.
Sim, hoje é tapera...
Onde foi morada.
Um rancho simples onde as estrelas,
Brincavam a noite inteira.
E, a lua branca. Tão faceira
Se debruçava entre o arvoredo
A descobrir segredos.
E o minuano soprando nas quinchas do galpão
Se juntava ao bordoneio da guitarra.
Nas charlas galponeiras,
Que, para mim foi oração,
O ritual do mate amargo como num gesto de carinho.
A dizer... seja bem vindo.
Meu irmão. Minha tapera.
Onde vivi a parte melhor da minha vida.
Meu santuário de paz.
A cacimba de água pura, onde me debruçava,
Para beber um pedaço do céu.
Na concha das mãos.
E, aquele pé de angico, que cresceu comigo.
A oferta-me à sombra como abrigo,
Nos meus brinquedos de piá.
O tempo passou... Eu cresci...E, Parti.
Somente tu, continua lá,
Braços abertos, como a vigiar,
Minha tapera, na eterna espera.
De quem não vai voltar.
No flete nas lembranças, me vejo criança...
Nas margens do rio, mas restam somente,
As minhas pegadas. E, um imenso vazio.
Os ecos ecoam...Acordam silêncios...
Pedaços de risos...
Que o tempo engoliu.
A velha porteira, onde a poeira,
Adormeceu silente,
Na sanga os aguapés sem nem uma flor.
Numa estiagem de ausência,
Adormecida nos braços da querência.
Embriagada pela imensidão,
Cenário sublime dos meus sonhos,
Num dourado de lembranças,
Que guardei em mim.
Por onde andará meu gado de osso,
Minha boleadeira de sabugo,
Que naquele faz de conta, era meu mundo.
Um petiço manso, laço de embira...
De piazito no meu tempo,
De infância livre e feliz.
Nem vi que a vida passava, e,
Agora me dando conta,
Do mundo do faz-de-conta...
Há uma distância sem fim
Pra o mundo em que vivo agora.
Mas... Não quero que vá embora,
Este piá que mora em mim.
Eu quero seguir sonhando,
Com minha velha morada,
Neste retovo de afagos,
Que minha alma acalenta.
Eu seguirei camperiando,
No lombo desta saudade.
Pois tive a felicidade,
De nascer neste rincão.
No poncho dos meus anseios,
Vivo parando rodeios...
Embalando a solidão.
Golopo potros de vento...
Na névoa do pensamento,
Vejo meu velho galpão.
E, na vertente dos olhos.
Rebrotam pingos de mágoas,
Que sofrenando,calado
Buscando em vão o passado
Que não voltará... Jamais...
Ouço a voz do meu passado,
No memorial das lembranças.
Imagens... Reminiscência...
Que tão vivas se refletem,
No espelho da alma... No olhar.
Mostrando a dura verdade,
Em mil poemas de saudade.
Que o dia a dia escreveu,
Batendo marca na estrada,
Sigo beijando o sereno...
Nos lábios da madrugada,
O mundo... Não mudou nada.
Quem mudou mesmo...Foi EU.
(Jurema Chaves)

...Eu sou a prenda gaúcha...

Um rosto bonito, sorriso bendito, um vestido de rendas
Que faz o luar acender no olhar tão lindo das prendas
Bendita querência que guarda na essência, carinho e paixão
Pois a prenda é a flor na aguada do amor, pra todo peão!!
Sou simples assim, mas trago em mim, a beleza e encanto
Sou o verso, a canção, verdade, ilusão e as rimas de um canto...
Mas gaúcha também, pois eu quero bem o Rio Grande dos meus
Ser prenda, pra gente, é mais que um presente, é “regalo” de Deus!!
Nos caminhos de agora, os valores de outrora vão sempre atuais
A luz da verdade, justiça, humildade, em lições fraternais
O povo resiste à maldade que existe, venha o que vier
Aprendendo a amar, no Rio Grande que é lar da prenda... mulher!!
Se o mundo dá voltas, um gesto conforta, no colo que é dela
Não há desalentos, quando o sentimento se entrega pra ela...
Assim, o meu peito acomoda com jeito, o amor que ela traz
Minha alma serena, nos braços da prenda, encontra sua paz...
Sou meiga no amor, mas com destemor, persigo meus planos
Que a gaúcha linhagem me traz a coragem, no cotidiano
Quero a justiça vencendo a cobiça, amizade em levante
Guardando no peito, carinho e respeito pelo Rio Grande!!

Rômulo Chaves

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Prenda...




Quando me vesti de prenda,
Com aquela flor no cabelo,
Fui correndo para o espelho,
Só para ver o suscedido...
Nem bem pude contemplar-me
Tive logo a sensação,
Que trazia o meu Rio Grande
Na armação do meu vestido.

Eu vi, em meu sapato,
O mesmo da Cinderela
E nas rendas a paisagem
Dos campos da minha terra...
O tom de rosa-laranja
Reproduzia as auroras,
Perfazendo longa viagem,
Surgindo por trás da serra.

Nos meus cabelos compridos
Eu vi a forma de um rancho,
Coberto de santa-fé...
Nos meus olhos, duas fontes,
Carregadas de emoção,
Brilhando mais que as estrelas.
Percebi que eles seriam
Janelas pra o coração,
Mas que guardavam momentos
De pura contemplação.

Tudo o que vi, pelo espelho,
Denominei de querência...
Era eu que renascia
Na paisagem de mim mesma...
E o amor, que florescia,
Nesse doce encantamento,
De ser parte da cultura,
Marcou tanto aquele dia.

Eu nunca mais fui a mesma,
Dentro deste meu vestido!
Trago a querência na alma,
Um canto de cancioneiro,
Que fala da minha terra
E o coração sarandeando,
Num grande sarau de prendas.