Aurora Da Vida
Eu sinto tanta saudade
Da aurora da minha vida,
De uma casinha escondida,
Entre as sombras do quintal,
Num recanto divinal
Onde brotava a esperança
Num coração de criança
Amando o berço natal.
Eu sinto tanta saudade
Da aurora da minha vida,
De uma casinha escondida,
Entre as sombras do quintal,
Num recanto divinal
Onde brotava a esperança
Num coração de criança
Amando o berço natal.
Em um mundo de ternura,
Um sublime encantamento
Eu vivi cada momento,
Amando como ninguém;
Na verde pampa sulina
Cresceu então a menina
Pois só dá amor quem tem.
Um sublime encantamento
Eu vivi cada momento,
Amando como ninguém;
Na verde pampa sulina
Cresceu então a menina
Pois só dá amor quem tem.
E quando a tarde morria
Sobre o verde da colina,
Minha mãe, formosa china
Preparava o chimarrão;
E eu abria o portão
Para o papai que chegava.
Lembro... que os dois se abraçavam
E mateavam no galpão.
Sobre o verde da colina,
Minha mãe, formosa china
Preparava o chimarrão;
E eu abria o portão
Para o papai que chegava.
Lembro... que os dois se abraçavam
E mateavam no galpão.
E lá, entre um mate e outro,
A prosa ia correndo.
Depois, eu vinha trazendo,
Pra o papai o violão...
A cuia, então, descansava,
Enquanto ele dedilhava
Aquelas cordas plangentes;
E aquele cantar dolente
Ficou no meu coração.
A prosa ia correndo.
Depois, eu vinha trazendo,
Pra o papai o violão...
A cuia, então, descansava,
Enquanto ele dedilhava
Aquelas cordas plangentes;
E aquele cantar dolente
Ficou no meu coração.
Algumas frases bonitas,
Formando um canto da amor,
Que meu pai, um trovador,
Cantava, dizendo a ela;
E brilhava no rosto dela
O mais terno dos sorrisos.
E naquele paraíso,
A fé e o amor existiam
Numa canção que eu ouvia,
Tornando a vida mais bela.
Formando um canto da amor,
Que meu pai, um trovador,
Cantava, dizendo a ela;
E brilhava no rosto dela
O mais terno dos sorrisos.
E naquele paraíso,
A fé e o amor existiam
Numa canção que eu ouvia,
Tornando a vida mais bela.
Minha mãe era tão meiga,
Tão simples e delicada,
Como o romper da alvorada
Despertando a natureza;
Que o luar... - tenho certeza -
Invejava aqueles dois,
Que cantavam com ternura
Um amor todo doçura.
Mas, sempre tem o depois!
Tão simples e delicada,
Como o romper da alvorada
Despertando a natureza;
Que o luar... - tenho certeza -
Invejava aqueles dois,
Que cantavam com ternura
Um amor todo doçura.
Mas, sempre tem o depois!
E o depois foi tão tristonho,
Tudo mudou de repente.
O destino, certamente,
Escreveu em algum lugar
Que tudo iria mudar,
Se quebraria o encanto;
E tudo que amei tanto
Se foi, como vão as águas,
Transformando em tristes mágoas
A imensa dor do meu pranto.
Tudo mudou de repente.
O destino, certamente,
Escreveu em algum lugar
Que tudo iria mudar,
Se quebraria o encanto;
E tudo que amei tanto
Se foi, como vão as águas,
Transformando em tristes mágoas
A imensa dor do meu pranto.
Eu me vi sendo arrastada
Pelo turbilhão da vida;
A mais triste despedida
E um vazio que foi ficando.
Acordo, às vezes, chorando,
Sonhando com o passado;
Vejo meus pais abraçados,
Na varanda conversando
Com os meus irmãos brincando
Naquele mundo encantado!
Pelo turbilhão da vida;
A mais triste despedida
E um vazio que foi ficando.
Acordo, às vezes, chorando,
Sonhando com o passado;
Vejo meus pais abraçados,
Na varanda conversando
Com os meus irmãos brincando
Naquele mundo encantado!
Tudo era tão bonito,
Que ao lembrar, meu pranto cai.
Ali eu tinha meu pai,
Com um violão nos braços,
Cantando cada pedaço
Do meu universo em flor,
Numa voz cheia de amor,
Que, hoje, canta no espaço.
Que ao lembrar, meu pranto cai.
Ali eu tinha meu pai,
Com um violão nos braços,
Cantando cada pedaço
Do meu universo em flor,
Numa voz cheia de amor,
Que, hoje, canta no espaço.
Mas, nem a morte conseguiu
Separar tão grande amor;
Partindo para o esplendor
Do jardim da santidade.
E, na dor da minha saudade,
Imagino dois beija-flores
Sorvendo mates de amores
No galpão da eternidade.
Separar tão grande amor;
Partindo para o esplendor
Do jardim da santidade.
E, na dor da minha saudade,
Imagino dois beija-flores
Sorvendo mates de amores
No galpão da eternidade.
Ao sentir a nostalgia,
Que traz o entardecer,
Que bom seria poder
Voltar aos tempos de outrora;
E ter no romper da aurora
A família reunida,
Ver a minha mãe querida
Cavando a cuia pra o mate.
Lembrando, a saudade bate
E embarga a voz, comovida.
Que traz o entardecer,
Que bom seria poder
Voltar aos tempos de outrora;
E ter no romper da aurora
A família reunida,
Ver a minha mãe querida
Cavando a cuia pra o mate.
Lembrando, a saudade bate
E embarga a voz, comovida.
Pois a vida é tão bonita
Quando a gente tem os pais,
Para aliviar nossos aís
E nos cobrir de carinhos.
Hoje só, nesse caminho,
Peço a Deus, nosso Senhor,
Cobrir com um manto de amor
Os meus queridos paizinhos.
Quando a gente tem os pais,
Para aliviar nossos aís
E nos cobrir de carinhos.
Hoje só, nesse caminho,
Peço a Deus, nosso Senhor,
Cobrir com um manto de amor
Os meus queridos paizinhos.
Erguendo os olhos ao céu
Peço a Deus, lá no infinito,
Pra aquele amor tão bonito
Reinar na glória divina;
Os pais daquela menina,
Que aqui dentro ainda mora.
Se às vezes meu riso chora
É por culpa da lembrança,
Que traz de volta a criança,
Que o tempo levou embora!
Peço a Deus, lá no infinito,
Pra aquele amor tão bonito
Reinar na glória divina;
Os pais daquela menina,
Que aqui dentro ainda mora.
Se às vezes meu riso chora
É por culpa da lembrança,
Que traz de volta a criança,
Que o tempo levou embora!