segunda-feira, 26 de julho de 2010

Roger du Gard


Não sou como a abelha saqueadora

que vai sugar o mel de uma flor,

e depois de outra flor.

Sou como o negro escaravelho

que se enclausura no seio de uma única

e vive nela até que ela feche suas pétalas sobre ele;

e abafado neste aperto supremo,

morre entre os braços da flor que elegeu


(Roger Martin du Gard)

Peleia - Ultramen

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"A vida não é feita de sonhos que se realizam, mas de realidades que não se sonham."

Mario Quintana

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Pedaços De Mim

PEDAÇOS DE MIM

Eu sou feita de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feita de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.

Martha Medeiros

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Soneto Antigo


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Soneto Antigo
de Cecília Meireles

Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.

Lua Doida

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Lua Doida
de Aldir Blanc /Tavito

Assim como a lua vela
No céu e dentro do arroio
Você também se revela
Na janela e no meu olho
Não sei dizer, na verdade,
Quem é que reflete quem
O céu sem lua é saudade
Sem você não sou ninguém

A tua imagem dentro do olhar
E a lua doida mudando no alto
São feitas cachoeira dando o salto
Enganam que são distantes e tão frias
Pra seduzir
Sabem ficar
Sabem partir

Teu coração lua cheia
Me diz cada vez que choro
Igual a esfinge na areia
Me decifra ou te devoro
Mas eu quedo enfeitiçada
Feito os peixes no vau do arroio
Com o teu perfil debruçado
Na janela do meu olho

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Um Canto Para Matear Solito

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Um Canto Para Matear Solito
(Moises Silveira de Menezes)


Quando o sol vai despacito
me quedo mateando quieto
no velho ritual campeiro
que faz ausentes de afeto
buscar refúgio no amargo,
vida verde, vida em pó
rico ancestral lenitivo
parceiro dos que andam só.

A lua vem debruçar-se
no portal da solidão
em tênues raios de prata
clareando o velho galpão,
fresteando as paredes velhas
chegam as vozes da noite
que a meus ouvidos cansados
trazem sibilos de açoite.

A cuia passeia inquieta
como se ave noturna
que risca olhos punhais
na ampla noite soturna,
só o chispar das labaredas
aos grilos em contracanto
compõe mais uma milonga
pra um mundo de desencantos.

O mate desce queimando
na gargante ressequida
parece que nessa noite
nem Caá-Yari dá guarida
a quem cansou do caminho
e de partir sem chegar
fez da vida uma tapera
na velha sina de andar.

Uma saudade importuna
amarga mais esse mate
descompassa tanto o peito
que o coração pouco bate,
aquerenciou-se essa louca
sem ter convite pra vir
que até nem sei se é bom ter
saudade ou não pra sentir.

Uma inquietude interior
que faz a noite silente,
o sonho muito distante
como se estrela cadente,
me gusta um mate solito
nesse esperar não sei que;
saber de andar o sentido
talvez, da vida o porquê.

Amargo

Amargo
(Jayme Caetano Braun)
Velha infusão gauchesca
De topete levantado
O porongo requeimado
Que te serve de vazilha
Tem o feitio da coxilha
Por onde o guasca domina,
E esse gosto de resina
Que não é amargo nem doce
É o beijo que desgarrou-se
Dos lábios de alguma china!

A velha bomba prateada
Que atrás do cerro desponta
Como uma lança de ponta
Encravada no repecho
Assim jogada ao desleixo
Até parece que espera
O retorno de algum cuera
Esparramado do bando
Que decerto anda peleando
Nalgum rincão de tapera!

Velho mate-chimarrão
As vezes quando te chupo
Eu sinto que me engarupo
Bem sobre a anca da história,
E repassando a memória
Vejo tropilhas de um pêlo
Selvagens em atropelo
Entreverados na orgia
Dos passes de bruxaria
Quando o feiticeiro inculto
Rezava o primeiro culto
Da pampeana liturgia!

Nessa lagoa parada
Cheia de paus e de espuma
Vão cruzando uma, por uma,
Antepassadas visões
Fandangos e marcações
Entreveros e bochinchos
Clarinadas e relinchos
Por descampados e grotas,
E quando tu te alvorotas
No teu ronco anunciador
Escuto ao longe o rumor
De uma cordeona floreando
E o vento norte assobiando
Nos flecos do tirador!

Sangue verde do meu pago
Quando o teu gosto me invade
Eu sinto necessidade
De ver céu e campo aberto
É algum mistério por certo
Que arrebentando maneias
Te faz corcovear nas veias
Como se o sangue encarnado
Verde tivesse voltado
Do curador das peleias!

Gaudéria essência charrua
Do Rio Grande primitivo
Chupo mais um, pra o estrivo
E campo a fora me largo,
Levando o teu gosto amargo
Gravado em todo o meu ser,
E um dia quando morrer,
Deus me conceda esta graça
De expirar entre a fumaça
Do meu chimarrão querido
Porque então irei ungido
Com água benta da raça!!!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sócrates....


"Ele supõe saber alguma coisa e não sabe , enquanto eu, se não sei tampouco suponho saber. Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei. "


“Estás enganado, se pensas que um homem de bem deve ficar pesando, ao praticar seus atos, sobre as
possibilidades de vida ou de morte. O homem de valor moral deve considerar apenas, em seus atos, se eles
são justos ou injustos, corajosos ou covardes.”