quarta-feira, 24 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Profissão de Fé

PROFISSÃO DE FÉ

Não quero o Zeus Capitolino
Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino
Com o camartelo.

Que outro - não eu! - a pedra corte
Para, brutal,
Erguer de Atene o altivo porte
Descomunal.


Mais que esse vulto extraordinário,
Que assombra a vista,
Seduz-me um leve relicário
De fino artista.

Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.

Corre; desenha, enfeita a imagem,
A idéia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:

E que o lavor do verso, acaso,
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.

E horas sem conto passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.

Porque o escrever - tanta perícia,
Tanta requer,
Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.

Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!

Deusa! A onda vil, que se avoluma
De um torvo mar,
Deixa-a crescer; e o lodo e a espuma
Deixa-a rolar!

Blasfemo> em grita surda e horrendo
Ímpeto, o bando
Venha dos bárbaros crescendo,
Vociferando...

Deixa-o: que venha e uivando passe
- Bando feroz!
Não se te mude a cor da face
E o tom da voz!

Olha-os somente, armada e pronta,
Radiante e bela:
E, ao braço o escudo> a raiva afronta
Dessa procela!

Este que à frente vem, e o todo
Possui minaz
De um vândalo ou de um visigodo,
Cruel e audaz;

Este, que, de entre os mais, o vulto
Ferrenho alteia,
E, em jato, expele o amargo insulto
Que te enlameia:

É em vão que as forças cansa, e â luta
Se atira; é em vão
Que brande no ar a maça bruta
A bruta mão.

Não morrerás, Deusa sublime!
Do trono egrégio
Assistirás intacta ao crime
Do sacrilégio.

E, se morreres por ventura,
Possa eu morrer
Contigo, e a mesma noite escura
Nos envolver!

Ah! ver por terra, profanada,
A ara partida
E a Arte imortal aos pés calcada,
Prostituída!...

Ver derribar do eterno sólio
O Belo, e o som
Ouvir da queda do Acropólio,
Do Partenon!...

Sem sacerdote, a Crença morta
Sentir, e o susto
Ver, e o extermínio, entrando a porta
Do templo augusto!...

Ver esta língua, que cultivo,
Sem ouropéis,
Mirrada ao hálito nocivo
Dos infiéis!...

Não! Morra tudo que me é caro,
Fique eu sozinho!
Que não encontre um só amparo
Em meu caminho!

Que a minha dor nem a um amigo
Inspire dó...
Mas, ah! que eu fique só contigo,
Contigo só!

Vive! que eu viverei servindo
Teu culto, e, obscuro,
Tuas custódias esculpindo
No ouro mais puro.

Celebrarei o teu oficio
No altar: porém,
Se inda é pequeno o sacrifício,
Morra eu também!

Caia eu também, sem esperança,
Porém tranqüilo,
Inda, ao cair, vibrando a lança,
Em prol do Estilo!


Olavo Bilac

terça-feira, 9 de novembro de 2010











Nasci rodando mundo

Não tenho morada certa

Mais guapo não se aperta

Não existe quem me mande

Sou xucro sou carborteiro

Sou cria de misioneiro

E me extraviei no Rio Grande

sábado, 23 de outubro de 2010




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" Verme "

Existe uma flor que encerra
Celeste orvalho e perfume.
Plantou-a em fecunda terra
Mão benéfica de um nume.

Um verme asqueroso e feio
Gerado em lodo mortal,
Busca esta flor virginal
E vai dormir-lhe no seio.

Morde, sangra, rasga e mina,
Suga-lhe a vida e o alento;
A flor o calix inclina;
As folhas, leva-as o vento,

Depois, nem resta o perfume
Nos ares da solidão...
Esta flor é o coração,
Aquele verme o ciúme.


Machado de Assis


Musa dos olhos verdes




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Musa dos olhos verdes

Musa dos olhos verdes, musa alada,
Ó divina esperança,
Consolo do ancião no extremo alento,
E sonho da criança;

Tu que junto do berço o infante cinges
C'os fúlgidos cabelos;
Tu que transformas em dourados sonhos
Sombrios pesadelos;

Tu que fazes pulsar o seio às virgens;
Tu que às mães carinhosas
Enches o brando, tépido regaço
Com delicadas rosas;

Casta filha do céu, virgem formosa
Do eterno devaneio,
Sê minha amante, os beijos meus recebe,
Acolhe-me em teu seio!

Já cansada de encher lânguidas flores
Com as lágrimas frias,
A noite vê surgir do oriente a aurora
Dourando as serranias.

Asas batendo à luz que as trevas rompe,
Piam noturnas aves,
E a floresta interrompe alegremente
Os seus silêncios graves.

Dentro de mim, a noite escura e fria
Melancólica chora;
Rompe estas sombras que o meu ser povoam;
Musa, sê tu a aurora!

Machado de Assis

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Ser Criança

Ser Criança
Sandra Mamede

Ser criança
Não é somente ter pouca idade
E sim esquecer a idade física
A nossa verdadeira idade está na mente
É o que se sente.

Ser criança
É perseguir a felicidade
Sem se importar com a idade
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É esquecer um pouco das responsabilidades
Sem contudo ser irresponsável.


É viver intensamente o presente
Não viver condicionado ao futuro
Nem ruminando o passado


É amar intensamente
E viver essa paixão sem precedentes


É sempre sorrir
Sempre estar aberto para o novo

Ser criança
É nascer de novo a cada dia...

domingo, 10 de outubro de 2010

GAÚCHO FARRAPO

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GAÚCHO FARRAPO
Adenir Paz da Silva

Sou feliz, nasci Gaúcho,
Deus me deu este regalo,
sou briguento que nem galo
peleando no rinhedeiro,
sou pachola, sou faceiro,
sou bagual não tenho encilha,
sou livre, sou farroupilha,
pra lutar fui um guerreiro.

Sou xucro, criado guaxo,
falquejado em coronilha,
fui cincerro de tropilha
de um tempo maula e aragano.
Sou alçado, não tenho dono,
meu andar ninguém maneia,
sou noite de lua cheia
vigiando, não tenho sono.

Meu grito é retumbar de legüero
chamando e atiçando a tropa.
Meu destino é quem galopa
nas patas da evolução,
sou raiz, sou tradição
de um passado de glórias,
fui revolução, sou história
lutando por este chão.

Eu demarquei as fronteiras,
da República Rio-grandense,
o Rio Grande me pertence,
eu lutei para este fim,
fui tambor e fui clarim
nos fervores de uma guerra.
Eu sou filho desta terra,
fui farrapo e sou assim.

Sou bandeira que esvoaça
guarnecendo esta querência.
Me ajoelho em reverência
ao meu pendão desfraldado,
verde, amarelo, encarnado,
tem força de Liberdade,
Igualdade e Humanidade,
símbolos de que fui marcado.

Ser livre, este é o meu sentimento
que trago neste peito guardado,
e que só fica rebelado
quando a justiça se afasta.
Sou Gaudério, ninguém me castra,
sou taura e sou índio macho,
envergo mas não me abaixo.
Sou Gaúcho, e isto me basta!

domingo, 26 de setembro de 2010

Alma Gaudéria!



ALMA GAUDÉRIA
Albeni Carmo de Oliveira

Dos tempos que já passaram
Das andanças que eu fazia,
Vivi horas de alegria
Que nunca vou esquecer.
E não é fácil descrever
Os lugares que passai,
Mas de todos lembrarei
Até a hora de morrer.

E talvez após a morte
Fim desta viagem gaudéria,
Minha alma sem matéria
Percorra todo o rincão.
Não vou ser assombração
`'ra não assustar ninguém,
Só quero cuidar, do além
As coisas da tradição.

Quero reencarnar sem maldade
Na mente de um trovador,
Para mostrar o valor
Do poeta não letrado
E fazer verso rimado
Ao som da gaita e violão,
P'ra mostrar que a tradição
Não morre no meu estado.

Assim esta minha alma
Viverá sempre contente,
Bebendo água em vertente
Nas cacimbas lá de fora
E quando romper a Aurora,
Quero andar na invernada
Cantando e dando risada
No tilintar de uma espora.

Quero lá de vez em quando
N'algum fandango chegar.
Ver todo mundo dançar
Com luz fraca de lampião,
E uma gaita de botão
Num xote velho largado
Desses que é sempre tocado
Em surungos de galpão.

Se no final do surungo
Alguém se desentender,
Aí é que quero ver
A destreza do peão
Pois para não ir ao chão
Tem que ser mui destemido,
Quero até ser o tinido
Da folha de algum facão.

Mas não quero ver jamais
Alguém correndo com medo,
Pois aí está o segredo
Da velha raça caudilha,
Eu quero ser a presilha
De um laço bem trançado
Quero ver ser conservado
Os ideais farroupilhas.

Se o bom velho permitir
Que eu reencarne em outro corpo,
Quero servir de conforto
P'ra alguma china manheira,
E voltar lá na mangueira
P'ra montar potro sem freio
Enfim, estar num rodeio
Ou festa de domingueira.

Assim minha alma xucra
Estará sempre presente,
Nas coisas da nossa gente
Guardadas com devoção
E quando por este chão
Surgir algo diferente,
Eu quero surgir na frente
Repontando a tradição.

Tapera...


TAPERA
Jayme Caetano Braun

Vulto heróico das coxilhas,
Testemunha do passado,
Velho tição apagado
Sem vestígios de clarão,
Rancho amigo que a desgraça
Transformou numa carcaça
Perdida na solidão!

Foste um dia, o pouso certo
Dum monarca destes pagos
E a china, cheia de afagos
Mais lindaça da querência,
Hoje, ruína abandonada
Evocas a retirada
De uma raça em decadência!

Não há cuera por mais chucro
Que vendo tanta tristeza
Amortalhando a beleza
Que Deus no pago criou,
Não sinta uma dor cruciante
E algum recuerdo distante
De um tempo que já passou...

E a não ser algum fantasma
Desses que rondam no pago,
Somente algum índio vago
Te procura como abrigo,
A maldição te acompanha
E nesta vasta campanha
Já não te resta um amigo!

E quando a noite as estrelas
Vão fogoneando indecisas
Tapera, tu simbolizas,
Por estas imensidades
Um coração sem carinho
Que bate triste e sozinho
Vivendo só das saudades!

E assim como tu, tapera,
Que um dia foste morada
Hoje, triste abandonada,
Como espectro da querência,
São as ilusões perdidas
Outras taperas caídas
Na campanha da existência!!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Quero morrer no pago onde nasci



A minha vida é aqui
nesse pago abençoado
nesse solo sagrado
no lugar aonde eu nasci

Por que é aqui que eu sou feliz
Cevando o amargo chimarrão
O meu Rio Grande é meu paíz
Querro morrer neste rincão

A tradição passa de pai pra filho
o Chimarrão passa de mão em mão
possuo ainda sangue caudilho
e meus filhos tambem teram este brasão

Uma vida de fibra e bravura
pelo meu sangue maragato
Serei sempre um guerreiros farrapo
Peleando a liberdade venceu a censura

No Sul pra sempre vou viver
Quero morrer neste pago abençoado
defender o trapo sagrado
morrer na mesma pampa onde eu nasci

encinarei meus filhos a serem honrados
e a cultivar a tradição
e só morrerei descansado
se meus filhos viverem neste mesmo chão

=p Beatriz

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Que diacho! Eu gostava do meu cusco


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Que diacho! Eu gostava do meu cusco
Alcy Cheuiche
gentileza de Daniel Cassol


Entendo. Envelheci entendendo.
Bicho não tem alma, eu sei bem,
mas será que vivente tem?

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Era uma guaipeca amarelo,
baixinho, de perna torta,
que me seguiu num domingo,
de volta de umas carreira.

Eu andava meio abichornado,
bebendo mais que o costume,
essas coisa de rabicho, de ciúme,
vocês me entendem, ele entendeu.

Passei o dia bebendo
e ele ali no costado
me olhando de atravessado,
esperando por comida.

Nesse tempo era magrinho
que aparecia as costela.
Depois pegou mais estado
mas nunca foi de engordá.

Quando veio meu guisado,
dei quase tudo prá ele.
Um pouco, por pena dele,
e outro, que nesse dia,
só bebida eu engolia
por causa dos pensamento.

Já pela entrada do sol,
ainda pensando na moça
e nas miséria da vida,
toquei de volta prás casa
e vi que o cusco magrinho
vinha troteando pertinho,
com um jeito encabulado.

Volta prá casa, guaipeca!
Ralhei e ralhei com ele.
Parava um puco, fugia,
farejava qualquer coisa,
depois voltava prá mim.
O capataz não gostou,
na estância só tinha galgo,
mas o guaipeca ficou.

Botei o nome de sorro,
as crianças, de brinquinho,
mas o nome que pegou
foi de guaipeca amarelo.

Mas nome não é o que importa.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?

Ficou seis anos na estância.
Lidava com gado e ovelha
sempre atento e voluntário.
Se um boi ganhava no mato,
o guaipeca só voltava
depois de tirá prá fora.

E nunca mordeu ninguém!
Nem as índia da cozinha
que inticava com ele.
Nem ovelha, nem galinha,
nem quero-quero, avestruz.
Com lagarto, era o primeiro
e mesmo piquininho
corria mais do que um pardo.

E tudo ia tão bem...
Até que um dia azarado
o patrãozinho noivou
e trouxe a noiva prá estância.

Era no mês de janeiro,
os patrão tava na praia,
e veio um mundo de gente,
tudo em roupa diferente,
até colar, home usava,
e as moça meio pelada,
sem sê na hora do banho,
imagino lá no arroio,
o retoço da moçada.

Mas bueno, sou doutro tempo,
das trança e saia rodada,
até aí não tem nada,
que a gente respeita os branco,
olha e finge que não vê.
O pior foi o meu cusco,
que não entendeu, por bicho,
a distância que separa
um guaipeca de peão
da cachorrinha mimosa
da noiva do meu patrão.

Era quase de brinquedo
a cachorrinha da moça.
Baixinha, reboladera,
pêlo comprido e tratado,
andava só na coleira
e tinha medo de tudo,
por qualquer coisa acoava.

Meu cusco perdeu o entono
quando viu a cachorrinha.
E les juro que a bichinha
também gostou do meu baio.
Mas namoro, só de longe
que a cusca era mais cuidada
que touro de exposição.

Mas numa noite de lua,
foi mais forte a natureza.
A cadela tava alçada
e o guaipeca atrás dela
entrou por uma janela
e foi uma gritaria
quando encontraram os dois.

Achei graça na aventura,
até que chegou o mocito,
o filho do meu patrão,
e disse prá o Vitalício
que tinha fama de ruim:
Benefecia o guaipeca
prá que respeite as família!
Parecia até uma filha
que o cusco tinha abusado.

Perdão, le disse, o coitado
não entende dessas coisa.
Deixe qu'eu leve prá o posto
do fundo, com meu cumpadre,
depois que passá o verão.
Capa o cusco, Vitalício!
E tu, pega os teus pertence
e vai buscá teu cavalo.

Me deu uma raiva por dentro
de sê assim despachado
por um piazito mijado
e ainda usando colar.
Mas prometi aqui prá dentro:
mesmo filho do patrão,
no meu cusco ninguém toca.
Pego ele, vou m'embora
e acabou-se a função.

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?

Campiei ele no galpão,
nos brete, pelas mangueira
e nada do desgraçado.
No fim, já meio cansado,
peguei o ruano velho
e fui buscá o meu cavalo.

Com o tordilho por diante,
vinha pensando na vida.
Posso entrá numa comparsa,
mesmo no fim das esquila.
Depois ajeito os apero
e busco colocação,
nem que seja de caseiro,
se nã me ajustam de peão.
E levo o cusco comigo
pois foi o único amigo
que nunca negou a mão.

Nisso, ouvi a gritaria
e os ganido do meu cusco
que era um grito de susto,
de medo, um grito de horror.
Toquei a espora no ruano
mas era tarde demais.
Tinham feito a judiaria
e o pobrezinho sangrava,
sangrava de fazê poça
e já chorava fraquinho.

Peguei o cusco no colo
e apertei o coração.
O sangue tava fugindo,
não tinha mais esperança.
O cusco foi se finando
e os meus olho chorando,
chorando como criança.

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?
Nessa hora desgraçada
o tal mocito voltou
prá sabê pelo serviço.
Botei o cusco no chão,
passei a mão no facão
e dei uns grito com ele,
com ele e com o Vitalício!

Ele puxô do revólver
mas tava perto demais.
Antes que a bala saísse,
cortei ele prá matá.
Foi assim, bem direitinho.
Não tô aqui prá menti.
É verdade qu'eu fugi
mas depois me apresentei.
Me julgaram e condenaram
mas o pior que assassino,
foi dizerem que o motivo
era pouco prá o que fiz...

Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010


"As paixões são como o vento inflando as velas dos barcos.
Podem até fazê-los naufragarem,
mas se não fosse ele,
não haveriam passeios,
aventuras e descobertas"
(Voltaire)


"A ausência diminui as pequenas paixões e aumenta as grandes, da mesma forma que o vento apaga a vela e atiça a fogueira"
(François de la Rochefoucault)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Perdoa-me, visão dos meus amores


Perdoa-me, visão dos meus amores
de Álvares de Azevedo

Perdoa-me, visão dos meus amores,
Se a ti ergui meus olhos suspirando!…
Se eu pensava num beijo desmaiando
Gozar contigo uma estação de flôres!

De minhas faces os mortais palores,
Minha febre noturna delirando,
Meus ais, meus tristes ais vão revelando
Que peno e morro de amorosas dores…

Morro, morro por ti! na minha aurora
A dor do coração, a dor mais forte,
A dor de um desengano me devora…

Sem que última esperança me conforte,
Eu – que outrora vivia! – eu sinto agora
Morte no coração, nos olhos morte!

Chimarrão


Chimarrão
(Glaucus Saraiva)

Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata.
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno,
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão,
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.

Trazes à minha lembrança,
Neste teu sabor selvagem,
A mística beberagem,
Do feiticeiro charrua,
E o perfil da lança nua,
Encravada na coxilha,
Apontando firme a trilha,
Por onde rolou a história,
Empoeirada de glórias,
De tradição farroupilha.

Em teus últimos arrancos,
Ao ronco do teu findar,
Ouço um potro a corcovear,
Na imensidão deste pampa,
E em minha mente se estampa,
Reboando nos confins ,
A voz febril dos clarins,
Repinicando: "Avançar"!
E então eu fico a pensar,
Apertando o lábio, assim,
Que o amargo está no fim,
E a seiva forte que eu sinto,
É o sangue de trinta e cinco,
Que volta verde pra mim

Paisagens Perdidas


Paisagens Perdidas
(Jayme Caetano Braun)

A tarde recolhe o manto,
carqueja e caraguatá;
na corticeira um sabiá
floreia o último canto!
Alargando o gargarejo,
da sanga que se desmancha,
há um eco pedindo cancha
no primitivo falquejo!

A lua nasce num beijo,
prateando o lombo do cerro
e um grilo acorda um cincerro,
do meu retiro de andejo!

Paisagens de campo e alma
perdidas no vem e vai,
soluços do Uruguai
que bebe lua e se acalma:
a noite passa à mão salva,
com ela vem a saudade,
olfateando a claridade
das brasas da Estrela D‘Alva!

Nascem rugas no semblante,
paisagens da natureza
que a força da correnteza
não pode levar por diante;
então exige que eu cante
quando me encontro desperto,
mas sempre que chego perto
meu sonho está mais distante!

Paisagens de sombra e luz,
como é que pude perdê-las?
Ficaram as 5 estrelas
fazendo o “ sinal da cruz “ !

terça-feira, 3 de agosto de 2010

domingo, 1 de agosto de 2010

Karine Beatriz


Significado Dos meus nomes...

Origem do Nome Karine:
LATIM
Significado de Karine:
QUERIDA.


Origem do Nome Beatriz
LATIM
Significado de Beatriz
AQUELA QUE FAZ OS OUTROS FELIZES.


http://www.significado.origem.nom.br/nomes/?q=karine
http://www.significado.origem.nom.br/nomes/?q=beatriz


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Roger du Gard


Não sou como a abelha saqueadora

que vai sugar o mel de uma flor,

e depois de outra flor.

Sou como o negro escaravelho

que se enclausura no seio de uma única

e vive nela até que ela feche suas pétalas sobre ele;

e abafado neste aperto supremo,

morre entre os braços da flor que elegeu


(Roger Martin du Gard)

Peleia - Ultramen

...


"A vida não é feita de sonhos que se realizam, mas de realidades que não se sonham."

Mario Quintana

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Pedaços De Mim

PEDAÇOS DE MIM

Eu sou feita de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feita de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.

Martha Medeiros

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Soneto Antigo


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Soneto Antigo
de Cecília Meireles

Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.

Lua Doida

...














Lua Doida
de Aldir Blanc /Tavito

Assim como a lua vela
No céu e dentro do arroio
Você também se revela
Na janela e no meu olho
Não sei dizer, na verdade,
Quem é que reflete quem
O céu sem lua é saudade
Sem você não sou ninguém

A tua imagem dentro do olhar
E a lua doida mudando no alto
São feitas cachoeira dando o salto
Enganam que são distantes e tão frias
Pra seduzir
Sabem ficar
Sabem partir

Teu coração lua cheia
Me diz cada vez que choro
Igual a esfinge na areia
Me decifra ou te devoro
Mas eu quedo enfeitiçada
Feito os peixes no vau do arroio
Com o teu perfil debruçado
Na janela do meu olho

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Um Canto Para Matear Solito

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Um Canto Para Matear Solito
(Moises Silveira de Menezes)


Quando o sol vai despacito
me quedo mateando quieto
no velho ritual campeiro
que faz ausentes de afeto
buscar refúgio no amargo,
vida verde, vida em pó
rico ancestral lenitivo
parceiro dos que andam só.

A lua vem debruçar-se
no portal da solidão
em tênues raios de prata
clareando o velho galpão,
fresteando as paredes velhas
chegam as vozes da noite
que a meus ouvidos cansados
trazem sibilos de açoite.

A cuia passeia inquieta
como se ave noturna
que risca olhos punhais
na ampla noite soturna,
só o chispar das labaredas
aos grilos em contracanto
compõe mais uma milonga
pra um mundo de desencantos.

O mate desce queimando
na gargante ressequida
parece que nessa noite
nem Caá-Yari dá guarida
a quem cansou do caminho
e de partir sem chegar
fez da vida uma tapera
na velha sina de andar.

Uma saudade importuna
amarga mais esse mate
descompassa tanto o peito
que o coração pouco bate,
aquerenciou-se essa louca
sem ter convite pra vir
que até nem sei se é bom ter
saudade ou não pra sentir.

Uma inquietude interior
que faz a noite silente,
o sonho muito distante
como se estrela cadente,
me gusta um mate solito
nesse esperar não sei que;
saber de andar o sentido
talvez, da vida o porquê.

Amargo

Amargo
(Jayme Caetano Braun)
Velha infusão gauchesca
De topete levantado
O porongo requeimado
Que te serve de vazilha
Tem o feitio da coxilha
Por onde o guasca domina,
E esse gosto de resina
Que não é amargo nem doce
É o beijo que desgarrou-se
Dos lábios de alguma china!

A velha bomba prateada
Que atrás do cerro desponta
Como uma lança de ponta
Encravada no repecho
Assim jogada ao desleixo
Até parece que espera
O retorno de algum cuera
Esparramado do bando
Que decerto anda peleando
Nalgum rincão de tapera!

Velho mate-chimarrão
As vezes quando te chupo
Eu sinto que me engarupo
Bem sobre a anca da história,
E repassando a memória
Vejo tropilhas de um pêlo
Selvagens em atropelo
Entreverados na orgia
Dos passes de bruxaria
Quando o feiticeiro inculto
Rezava o primeiro culto
Da pampeana liturgia!

Nessa lagoa parada
Cheia de paus e de espuma
Vão cruzando uma, por uma,
Antepassadas visões
Fandangos e marcações
Entreveros e bochinchos
Clarinadas e relinchos
Por descampados e grotas,
E quando tu te alvorotas
No teu ronco anunciador
Escuto ao longe o rumor
De uma cordeona floreando
E o vento norte assobiando
Nos flecos do tirador!

Sangue verde do meu pago
Quando o teu gosto me invade
Eu sinto necessidade
De ver céu e campo aberto
É algum mistério por certo
Que arrebentando maneias
Te faz corcovear nas veias
Como se o sangue encarnado
Verde tivesse voltado
Do curador das peleias!

Gaudéria essência charrua
Do Rio Grande primitivo
Chupo mais um, pra o estrivo
E campo a fora me largo,
Levando o teu gosto amargo
Gravado em todo o meu ser,
E um dia quando morrer,
Deus me conceda esta graça
De expirar entre a fumaça
Do meu chimarrão querido
Porque então irei ungido
Com água benta da raça!!!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sócrates....


"Ele supõe saber alguma coisa e não sabe , enquanto eu, se não sei tampouco suponho saber. Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei. "


“Estás enganado, se pensas que um homem de bem deve ficar pesando, ao praticar seus atos, sobre as
possibilidades de vida ou de morte. O homem de valor moral deve considerar apenas, em seus atos, se eles
são justos ou injustos, corajosos ou covardes.”

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Fernando Pessoa

Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."

(Fernado Pessoa)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

de um amigão...


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Eu só quero que você saiba
Que estou pensando em você
Agora e sempre mais
Eu só quero que você ouça
A canção que eu fiz pra dizer
Que eu te adoro cada vez mais
E que eu te quero sempre em paz

Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você
E como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem

Eu só quero que você caiba
No meu colo
Porque eu te adoro cada vez mais
Eu só quero que você siga
Para onde quiser
Que eu não vou ficar muito atrás

Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você
E como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem

ASS. Lula

segunda-feira, 21 de junho de 2010

amor

Um amor sem fim
Sem limites, sem pensar
Você me fez amar
Me fez acreditar
Num amor sem fim
Minha vida agora
É pensar em você
Andar por aí,
sem rumo a espreitar
O céu, a terra e o mar
Em tudo que vejo
Relembro nós dois
Os nossos momentos
Jamais esqueci
Mesmo sem querer
Você está aqui
No céu, na terra e no ar
Por isso, agora,
preciso dizer
O que sinto, enfim:
Eu amo você
E, é um amor sem fim!

Tudo certo - Gabriel o pensador

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Lua !

“Lua eterna parceira dos fatos
em cada noite companheira dos meus atos
observadora de minhas tristezas e ais
abriga-me nos teus braços frios
traz-me a companhia dos assobios
dos morcegos que em teu breu vagueiam
de um lado a outro riscando o céu!
Sempre te procurando nas noites vagueio
aprisionar-me em tua alma é meu anseio
No brilho da lua feito de sonhos e de amor.”

domingo, 6 de junho de 2010

Mais uma vez...


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Mais Uma Vez
Jota Quest

Te tenho com a certeza
De que você pode ir
Te amo com a certeza
De que irá voltar
Pra gente ser feliz
Você surgiu e juntos
Conseguimos ir mais longe

Você dividiu comigo a sua história
E me ajudou a construir a minha
Hoje mais do que nunca somos dois
A nossa liberdade é o que nos prende

Viva todo o seu mundo
Sinta toda liberdade
E quando a hora chegar, volta...
Que o nosso amor está acima das coisas...desse mundo


Vai dizer que o tempo
Não parou naquele momento
Eu espero, por você
O tempo que for
Pra ficarmos juntos
Mais uma vez!

(...)

Não parou naquele momento
Eu espero por você
O tempo que for
Nós vamos estar juntos
Estar juntos
Mais uma vez

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Amor é fogo que arde sem se ver

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Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís Vaz de Camões

Silêncio, Nostalgia...

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Silêncio, nostalgia...
Hora morta, desfolhada,
sem dor, sem alegria,
pelo tempo abandonada.

Luz de Outono, fria, fria...
Hora inútil e sombria
de abandono.
Não sei se é tédio, sono,
silêncio ou nostalgia.

Interminável dia
de indizíveis cansaços,
de funda melancolia.
Sem rumo para os meus passos,
para que servem meus braços,
nesta hora fria, fria?

Fernanda de Castro, in "Trinta e Nove Poemas"

quarta-feira, 2 de junho de 2010

...Dormir no colo da lua

Hoje
acordei com saudades
De voar na imensidão de mim mesma...
E entre meus guardados,
Procurei minhas asas.
Houve um tempo em que

voava,
E me perdia numa estranha alegria
Escutando o vento.
Agora outra vez...
Pelo céu quero voar,
E por sobre a muralha dessa vida,
Construir meu momento.
Sem medo,
Deixar-me envolver na mais doce loucura
Lançar-me nesse vazio,
E absorver o silêncio profundo e vasto
Que me dá todas as respostas
Hoje quero voar...
Libertar o coração das amarras,
Deixa-lo livre
Para desvendar os horizontes
Desvanecer no espaço.
Esconder-me do mundo fazer parar o tempo...
Viver o sonho mais sonhado.
E num ato encantado,
dormir, no colo
da lua.

Glória Salles

sexta-feira, 28 de maio de 2010

...

não entendo mais nada
nessa vida loca !

sábado, 22 de maio de 2010

Os 10 mandamentos do chimarrão!

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OS 10 MANDAMENTOS DO CHIMARRÃO!

1- NÃO PEÇAS AÇÚCAR NO MATE
O gaúcho aprende desde piazito o porquê o chimarrão se chama também mate amargo ou, mais intimamente, amargo apenas. Mas se tu és de outros pagos, mesmo sabendo, poderá achar que é amargo demais e cometer o maior sacrilégio que alguém pode imaginar nesse pedaço do Brasil: pedir açúcar. Pode-se por água, ervas exóticas, cana, frutas, cocaína, feldspato, dollar, etc... mas jamais açúcar. O gaúcho pode ter todos os defeitos do mundo, mas não merece ouvir um pedido desses. Portanto, tchê, se o chimarrão te parece amargo demais, não hesites, pede uma coca-cola com canudinho. Tu vais te sentir bem melhor.

2- NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO É ANTI-HIGIÊNICO
Tu podes achar que é anti-higiênico por a boca onde todo mundo põe. Claro que é. Só que tu não tens o direito de proferir tamanha blasfêmia em se tratando de chimarrão. Repito: pede uma coca-cola de canudinho. O canudo é puro como a água de sanga (pode haver coliformes fecais e estafilococos dentro da garrafa, não nele).

3- NÃO DIGAS QUE O MATE ESTÁ QUENTE DEMAIS
Se todos estão chimarreando sem reclamar da temperatura da água, é porque ela é perfeitamente suportável por pessoas normais. Se tu não és uma pessoa normal, assume tuas frescuras (caso desejes te curar, recomendamos uma visita ao analista de Bagé). Se, porém, te julgas perfeitamente igual aos demais, faze o seguinte: vai para o Paraguai. Tu vai adorar o chimarrão de lá.

4- NÃO DEIXES UM MATE PELA METADE
Apesar da grande semelhança que existe entre o chimarrão e o cachimbo da paz, há diferenças fundamentais. Como o cachimbo da paz, cada um dá uma tragada e passa-o adiante, já o chimarrão não. Tu deves tomar toda a água servida até ouvir o ronco da cuia vazia. A propósito, leia logo o mandamento abaixo.

5- NÃO TE ENVERGONHES DO "RONCO" NO FIM DO MATE
Se, ao acabar o mate, sem querer fizer a bomba "roncar", não te envergonhes. Está tudo bem, ninguém vai te julgar mal-educado. Esse negócio de chupar sem fazer barulho vale para a coca-cola com canudinho que tu podes até tomar com o dedinho levantado (fazendo pose de assumida).

6- NÃO MEXAS NA BOMBA
A bomba de chimarrão pode muito bem entupir, seja por culpa dela mesma, da erva ou de quem preparou o mate. Se isso acontecer, tens todo o direito de reclamar. Mas por favor, não mexas na bomba. Fale com quem te passou o mate ou com quem lhe passou a cuia. Mas não mexas na bomba, não mexas na bomba e, sobretudo, não mexas na bomba.

7- NÃO ALTERE A ORDEM EM QUE O MATE É SERVIDO
Roda de chimarrão funciona como cavalo de leiteiro. A cuia passa de mão em mão, sempre na mesma ordem. Para entrar na roda, qualquer hora serve, mas depois de entrar, espera sempre a tua vez e não queiras favorecer ninguém, mesmo que seja a mais prendada prenda do estado.

8- NÃO CONDENES O DONO DA CASA POR TOMAR O PRIMEIRO MATE
Se tu julgas o dono da casa um grosso por preparar o chimarrão e tomar ele próprio o primeiro mate, saibas que o grosso és tu. O pior mate é o primeiro, e quem toma está te prestando um favor.

9- NÃO DURMAS COM A CUIA NA MÃO
Tomar mate solito é um excelente meio de meditar sobre as coisas da vida. Tu mateias sem pressa, matutando... E às vezes te surpreendes até imaginando que a cuia não é cuia, mas o quente seio moreno daquela chinoca faceira que apareceu no baile do Gaudêncio... Agora, tomar chimarrão numa roda é muito diferente. Aí o fundamental não é meditar, mas sim integrar-se à roda. Numa roda de chimarrão, tu falas, discutes, ris, xingas, enfim, tu participas de uma comunidade em confraternização. Só que essa tua participação não pode ser levada ao extremo de te fazer esquecer a cuia que está na tua mão. Fala quanto quizeres mas não esqueças de tomar o teu mate que a moçada tá esperando.

10- NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO DÁ CÂNCER NA GARGANTA
Pode até dar. Mas não vai ser tu, que pela primeira vez pega na cuia, que irás dizer, com ar de entendido, que o chimarrão é cancerígeno. Se aceitaste o mate que te ofereceram, toma e esqueces o câncer. Se não der para esquecer, faz o seguinte: pede uma coca-cola com canudinho que ela etc... etc...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Inconsequência...

Em subito de raiva desdisse oq sinto...
Falei besteiras não entendi gritei,
e hoje lembrando o passado aflito
as besteiras gritadas relembrei...


Amor inconsequente eh a razão
não acreditei em sua verdade
duvidei de tudo e da lealdade
te acusei de atos não feitos, não dei perdão...

por medo de sofrer ti magoei
e mais que nunca sofri sem querer
magoei sem pensar
falei sem saber...

a promessa do para sempre se acabou
a de nunca esquecer permaneceu
mas na vida apenas quem nunca amou,
nunca cometeu besteiras e sofreu...

Desculpe-me por ser inconsequente...
por fazer tudo acabar mal...
por duvidar do amor "da gente"
mil delculpas por esse final...



=p Beatriz

domingo, 16 de maio de 2010

Decida-se

!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!


Queira-me...
ou
deixe-me...
Nada mais de meias palavras
Sorria...
ou
chore...
Chega de soluçar
Venha para mim...
ou
Vá embora...
Basta de ficar parado no caminho
Seja valente...
ou
covarde...
Nada mais de fingir cortesia
Pise na terra...
ou
Levante vôo...
Chega de flutuar
Em minha vida


De.: izilgallu

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ave Maria do Gaúcho!

úcho

O navio negreiro ( V )

(...) "...Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...

São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
...Adeus, ó choça do monte,
...Adeus, palmeiras da fonte!...
...Adeus, amores... adeus!...

Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...


Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!..." (...)


_Castro Alves.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ilusão Perdida


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Ilusão Perdida

Florida ilusão que em mim deixaste
a lentidão duma inquietude
vibrando em meu sentir tu juntaste
todos os sonhos da minha juventude.

Depois dum amargor tu afastaste-te,
e a princípio não percebi. Tu partiras
tal como chegaste uma tarde
para alentar meu coração mergulhado

na profundidade dum desencanto.
Depois perfumaste-te com meu pranto,
fiz-te doçura do meu coração,

agora tens aridez de nó,
um novo desencanto, árvore nua
que amanhã se tornará germinação.

Pablo Neruda, in 'Cadernos de Temuco'
Tradução de Albano Martins

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Hoje!


















Hoje existem edifícios mais altos e estradas mais largas, porém temperamentos pequenos e pontos de vista mais estreitos.
Gastamos mais, porém desfrutamos menos.
Temos casas maiores, porém famílias menores.
Temos mais compromissos, porém menos tempo.
Temos mais conhecimentos, porém menos discernimento.
Temos mais remédios, porém menos saúde.
Multiplicamos nossos bens, porém reduzimos nossos valores humanos.
Falamos muito, amamos pouco e odiamos demais.
Chegamos à Lua, porém temos problemas para atravessar a rua e conhecer o nosso vizinho.
Conquistamos o espaço exterior, porém não o interior.
Temos dinheiro, porém menos moral....
Há mais liberdade, porém menos alegrias....
Dias em que há dois salários em casa, porém aumentam os divórcios.
Dias de casas mais lindas, porém de lares desfeitos.
Por tudo isso, proponho que de hoje e para sempre...
Não deixes nada “para uma ocasião especial”, porque cada dia que viveres será uma ocasião especial.
Lê mais, senta-te na varanda e admira a paisagem sem te importares com as tempestades.
Passa mais tempo com a tua família e com teus amigos, come a tua comida preferida, visita os lugares que amas.
A vida é uma sucessão de momentos para serem desfrutados, não apenas para sobreviver.
Usa as tuas taças de cristal, não guardes o melhor perfume, é bom usá-lo cada vez que sentires vontade.
As frases “Um destes dias”, “Algum dia”, elimina-as do teu vocabulário.
Escreve aquela carta que pensavas escrever “Um destes dias”.
Diz aos teus familiares e amigos o quanto os amas.
Por isso não proteles nada daquilo que tornaria a tua vida em sorrisos e alegria.
Cada dia, hora e minuto são especiais... e não sabes
se será o último...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Mãe...

Mãe...
Não importa cor ou credo...
Rica ou pobre...
Mãe é sempre mãe...

Sempre presente
Na dor,na doença, na alegria,
Em cada momento da nossa vida
Lá está ela já com algo em mente

Mãe querida, amada, sofrida...
Ignora as discriminações da sociedade
Em prol do seu amor e se preciso for
Da a sua própria vida

Esquece-se de si mesma
Por desejar a vitória do filho
E ao vibrar com as vitórias alcançadas
Nem se lembra de seu próprio mérito

Mãe é como uma flor...
É carinho, cuidado, proteção,
Compreensão, doação, perdão...
Mãe resume tudo o que é amor!

Mãe é a própria canção de amor,
Tocada suavemente em nossos corações...

Agradeço a você mãe
Todo o amor por minha vida!

Por: Star (2004)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Os Erros

Os Erros

A confusão a fraude os erros cometidos
A transparência perdida — o grito
Que não conseguiu atravessar o opaco
O limiar e o linear perdidos

Deverá tudo passar a ser passado
Como projecto falhado e abandonado
Como papel que se atira ao cesto
Como abismo fracasso não esperança
Ou poderemos enfrentar e superar
Recomeçar a partir da página em branco
Como escrita de poema obstinado?


Sophia de Mello Breyner Andresen,
em "O Nome das Coisas"

Este Inferno de Amar !

Almeida Garrett
Este Inferno de Amar !

Este inferno de amar — como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida — e que a vida destrói —
Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há-de ela apagar?
Eu não sei, não me lembra; o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… — foi um sonho —
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Que fez ela? Eu que fiz? — Não no sei
Mas nessa hora a viver comecei…

Folhas Caídas

Por que estou triste?

Por que estou triste?
por Gonçalves de Magalhães.


Ah! não queiras saber por que suspiro;
Por que geme minha alma, como a rola,
Que outro canto não tem senão queixumes,
Com que magoa os ares.

Ah! não me inquiras... Se chegar tu podes,
Ao través de meus olhos, à minha alma,
Verás que o rosto meu assaz explica
O que nela se passa.

Dirás, talvez, que injusto me lastimo;
Qu'inda possuo um pai, qu'inda mãe tenho,
Qu'inda um amigo aperta-me em seus braços,
E proscrito não erro.

Mas que importa tesouros tais possua,
Se gozá-los não posso? Se na ausência,
Da saudade o farpão continuamente
O peito me trespassa?

De gota em gota o matutino rócio
Enche, e pende do lírio o débil cálix,
Que oprimido co'o peso se lacera,
Desbota, e alfim falece.

Uma gota após outra um lago forma,
Novas gotas de chuva o lago aumentam,
Transborda enfim, e dá a um rio origem,
Que nas planícies rola.

Eis de meu coração a fida imagem.
Repetidos pesares pouco a pouco,
Males amontoados desde a infância
A existência me azedam.

Procuro embalde no festim da vida
Um lugar para mim. Se uno meu canto
Ao hino de alegria, a voz me falta,
E o coração suspira.

Oh Ancião de Téos, feliz foste;
Por amores contavas os teus dias!
Dias ditosos! Eu os meus numero
Só pelos meus pesares.

Mal vibravas da lira os fios de ouro,
Para de heróis cantar preclaros feitos,
Em vez de ressoar de Atride o nome,
Amor, dizia a lira.

E eu, oh destino! se de Amor intento
Terno o nome entoar, rebelde a lira
Só suspiros exala, e as cordas gemem
Ao toque de meu dedo.

Suspirar, suspirar... Tal é meu fado!
Por que o céu fez-me assim? Ao céu pergunta,
Por que deu ele ao sol ígneos fulgores,
E palidez à lua?

Enquanto o sabiá doce gorjeia,
Gemem na praia as merencórias ondas;
E ave sinistra, negra esvoaçando,
Agoureira soluça.

Ao lado do cipreste verde-negro,
Desabrocha a corola purpurina
A perfumada rosa; e junto dela
Pende a roxa saudade.

Eleva-se a palmeira suntuosa,
E desdobra nos ares verdes leques,
E perto da raiz, à sombra sua,
Definha humilde arbusto.

Eis da Natura o quadro! Isto harmonia,
Isto beleza, e perfeição se chama!
Eu completo a harmonia da Natura
Co'os meus tristes suspiros.

Vê agora se à lei posso eximir-me
Que a suspirar me obriga?... Oh alma minha,
Arpeja a que possuis, única fibra,
Exala teus suspiros
.

Turim, 15 de maio de 1835

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.


Fernando Pessoa.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Os Segundos...













Os Segundos

Cidadão Quem
Composição: Vinicius e Dimitri Gutierrez

Cada acorde em seu lugar
lembra um sorriso,
mas não quero lembrar
Que a noite vem caindo
trazendo o teu olhar
Cada palavra que falei
lembra uma história
que eu nem mesmo sei
mas como vento,
vem tão depressa
A verdade é bem mais forte
vou deixar
que o destino mostre a
direção
Foi pouco tempo
mas valeu
vivi cada segundo
quero o tempo que passou
Foi pouco tempo
mas valeu
vivi cada segundo
quero o tempo que passou
Cada palavra que falei
lembra uma história
que eu nem mesmo sei
mas como o vento
vem tão depressa
A verdade
é bem mais forte
Vou deixar
que o destino mostre a
direção...